A avaliação do desempenho do aluno constitui um “Mito” e um “ Desafio “ nos meios educacionais.
A avaliação é essencial à educação. Uma prática avaliativa coerente exige do professor o aprofundamento em teorias do conhecimento. A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo para se transformar na busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades. Pensar como o aluno pensa e porque ele pensa dessa forma, não é tarefa costumeira dos professores.
A teoria da avaliação educacional, no Brasil, sofreu uma grande influência dos estudos norte-americanos. A partir dos anos 60, foi muito ampla a divulgação da proposta de Ralpl Tyler conhecida como “avaliação por objetivos” “a avaliação é o processo destinado a verificar o grau em que mudanças comportamentais estão ocorrendo (...) A avaliação deve julgar o comportamento dos alunos, pois o que se pretende em educação é justamente modificar tais comportamentos (Tyler, 1949, p.106 ).
Como podemos observar, o enfoque deste teórico é comportamentalista (mudanças de comportamentos) e resume o processo avaliativo à verificação das mudanças ocorridas, delineadas em objetivos e definidos pelos professores. Embora esse enfoque tenha recebido sérias críticas de muitos outros teóricos em avaliação, o que se percebe é que essas críticas e os modelos contemporâneos não foram decisivos para a derrubada dessa concepção, sedimentada fortemente na ação das escolas e universidades.
Saul, (1988) desenvolveu uma análise aprofundada dessa evolução da teoria em direção e enfoques de julgamento de, mérito dos programas educacionais, entretanto, conforme seus estudos revelam pouco ou nada se evoluiu em relação ao enfoque de Tyler no que se refere à avaliação da aprendizagem. As propostas que surgiram “a posteriori”, como a de Benjamin, Bloon, perpetuaram igualmente o pensamento positivista daquele teórico. “Em que pese o questionamento levantado quanto aos pressupostos da proposta de avaliação de Tyler, o fato é que ela constitui o “superego” de professores e administradores que mal, ou bem, a utilizam”. (Saul, 1988,p.52).
A influência de Tyler na escola revela-se como uma prática avaliativa que compreende no início do processo, o estabelecimento de objetivos pelo professor.
As decisões sobre aprovação / reprovação dos alunos fundamentam-se, perigosamente, nas notas atribuídos aos testes, sem a interpretação de suas respostas. A avaliação é “ movimento”, é ação e reflexão. À medida em que os alunos realizam suas tarefas efetivam muitas conquistas: refletem sobre suas hipóteses, discutem-nas com os pais e colegas, justificam suas alternativas diferenciadas.
O procedimento de testar e medir vem servindo sobre maneira à bandeira de justiça dos educadores. Em nome da justiça da precisão, o professor nunca foi tão injusto.
A avaliação deve significar a relação entre dois indivíduos diferentes que percebem o mundo através de suas próprias individualidades. O mais importante é dinamizar essa relação ao invés de aproximá-la da precisão das máquinas.
Se valorizamos os “erros” dos alunos, considerando-os essenciais para o “vir a ser” do processo educativo, temos de assumir, também a possibilidade das incertezas, das dúvidas, dos questionamentos que possam ocorrer conosco a partir da análise das respostas deles, favorecendo, a discussão sobre idéias novas e diferentes.
Qual o significado de se atribuir notas a toda e qualquer tarefa do aluno, desde que ingressa na escola?
Por que se usam canetas vermelhas, salientando a ação corretiva?
Qual a razão dos calendários de provas, atestados médicos nas ausências, uso obrigatório de canetas pela criança?
O quanto somos responsáveis pelos fantasmas das provas? E com que propósito?
A compreensão, segundo Piaget, inclui “o movimento” que se estabelece de tomadas de consciência elementares, em direção a conceituações superiores.
“Fazer é compreender em ação uma dada situação em grau suficiente para atingir os fins propostos, e compreender é conseguir dominar, em pensamento, as mesmas situações até, poder rever os problemas por ela levantados, em relação ao porquê e ao como das ligações constadas e, por outro lado, utilizadas na ação.” (Piaget, 1978,p.176).
A dinâmica da avaliação efetiva-se justamente, a partir da análise das respostas do educando frente às situações desafiadoras nas diferentes áreas de conhecimento.
O professor deve estar cada vez mais atento e se debruçar compreensivamente sobre todas as manifestações do educando.
“O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse posse fixa do professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do objeto.” ( Freire, 1986,p.125).
O objetivo do desafio quanto a uma perspectiva mediadora da avaliação é a tomada de consciência dos educadores sobre sua prática.
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